Tenho medo de bandas velhas que se reúnem para fazer discos novos. Normalmente, é sinal de abacaxi.
Estava especialmente receoso com esse disco novo do Black Sabbath, até porque é uma de minhas bandas favoritas.
Escuto Sabbath religiosamente há mais de 30 anos. Lembro perfeitamente do dia em que fiz 13 anos, ganhei de presente um vale da Toc Discos e voltei para casa com meu exemplar de “Volume 4”, que tenho até hoje.
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Mas que surpresa: “13”, o primeiro disco do Sabbath com Ozzy em 35 anos, é muito, mas muito bom.
A bolacha foi produzida por Rick Rubin. E Rubin, que não é bobo, sabe que mexer no som do Sabbath seria um sacrilégio.
Quando o assunto é Black Sabbath, sou ortodoxo: Sabbath pra mim é Ozzy, Iommi, Geezer Butler e Bill Ward. Era divertido ouvir Ronnie James Dio, mas nunca foi a mesma coisa, sempre pareceu banda cover, apesar de ter feitos bons discos.
Na época, até gostei dos primeiros discos solo do Ozzy, mas a verdade é que eles envelheceram mal demais. Aquele metal oitentista americano, com o Ozzy de penteado à Maria Braga e guitarristas de quatro braços e 20 dedos em cada mão, não me desce.
Randy Rhoads, Zakk Wylde, Jake E. Lee, Brad Gillis… Todos ótimos guitarristas, que certamente deixam o velho Tony Iommi no chinelo em termos de velocidade e técnica. Mas prefiro mil vezes ver um bom jogo de futebol a um torneio de embaixadinha. No meu time, Randy Rhoads não amarra nem a chuteira de Tony Iommi.
Preciso ouvir “13” mais vezes, mas fiquei muito impressionado com o ritmo lento e mastodôntico das músicas. Rick Rubin sabe que velocidade é coisa de jovem, e diz que incentivou a banda a esticar as músicas ao máximo, algumas até seis, sete, oito minutos. Aprovei: Sabbath, pra mim, sempre foi mais stoner que qualquer coisa, som de bêbados chapados andando sem pressa de chegar.
Fiquei até com vontade de ir ao show no Brasil. Já vi o Sabbath com formação original – “13” não tem Bill Ward, substituído pelo baterista do Rage Against the Machine – e foi uma coisa linda. Foi na turnê “Reunion”, em fevereiro de 1999, no Spectrum, na Filadélfia. Lembro três coisas: de ficar impressionado com a total ausência de uma pessoa negra entre as 18 mil presentes, da quantidade de lojas de armas em volta do lugar, e de chorar sozinho em “Into the Void”. Vida longa aos príncipes da escuridão…
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