Quantcast
Channel: André Barcinski » Andre Barcinski
Viewing all articles
Browse latest Browse all 76

A casa onde nasceu a discoteca

$
0
0

Faz pelo menos duas semanas que não ouvimos mais nada além da caixa “Philadelphia International Records – The 40th Anniversary Box set”, uma coleção de dez CDs com o melhor da mitológica gravadora que revolucionou a black music.

A caixa saiu ano passado e é um dos melhores presentes que alguém pode receber. Não só a música é de primeira, mas a caixa é linda, produzida em papel brilhante e com um livreto muito bem escrito e informativo. Dá vontade de usar luvas só para não deixar suas impressões digitais gordurentas nessa maravilha.

 

[There is a video that cannot be displayed in this feed. Visit the blog entry to see the video.]

 

A Philadelphia International Records (PIR) é uma das gravadoras mais importantes da história da música negra. Formada em 1971 pela dupla Gamble & Huff – Kenny Gamble e Leon Huff, dois músicos veteranos que já atuavam na cena musical desde o início dos anos 60, incluindo trabalhos com Aretha Franklin e Dusty Springfield – a PIR ajudou a estabelecer o gênero que viria a ser chamado de disco, com músicas dançantes de produção sofisticada, sopros, cordas, vocais com reverb, percussão latina e um clima de celebração coletiva.

Além disso, muitas músicas da PIR traziam letras de protesto. Sob o verniz sofisticado e a elegância das canções, Gamble & Huff falavam da situação dos negros nos Estados Unidos. Ouça “Let’s Clean Up the Ghetto”, do Philadelphia International All Stars, uma das letras mais raivosas já colocadas em cima de uma música tão dançante. A canção fala de uma greve de lixeiros em Nova York que deixou o “gueto” inundado em lixo e ratos.

 

[There is a video that cannot be displayed in this feed. Visit the blog entry to see the video.]

 

A caixa traz mais de 200 músicas de artistas como M.F.S.B., Teddy Pendergrass, Billy Paul, The O’Jays, The Stylistics (que acabaram de tocar no Brasil!), Archie Bell and the Drells, The Jones Girls, The Trammps, Harold Melvins & The Blue Notes, Lou Rawls e dezenas de outros. É muita coisa boa junta.

No livreto que acompanha a caixa, o pesquisador Ralph Tee diz que a sofisticação do som da PIR pode ser creditada, em boa parte, ao arranjador e produtor Thom Bell, um fã de música clássica que enxergou a possibilidade de incorporar às gravações músicos italianos e judeus que atuavam em orquestras na região da Filadélfia.

Uma das músicas mais conhecidas da PIR foi “The Sound of Philadelphia”, tema do programa de TV “Soul Train”. Foi gravado pelo M.F.S.B. (na teoria, “Mother, Father, Sister, Brother”, mas que também podia significar “Mother Fucking Son of a Bitch”), um grupo de 25 ou 30 músicos de estúdio que gravaram boa parte das canções da gravadora. De chorar…

 

[There is a video that cannot be displayed in this feed. Visit the blog entry to see the video.]


Viewing all articles
Browse latest Browse all 76

Trending Articles