Quantcast
Channel: André Barcinski » Andre Barcinski
Viewing all articles
Browse latest Browse all 76

Nunca houve uma mulher como Haji…

$
0
0

O mundo ficou um pouco menos sexy. Morreu sábado, aos 67 anos, Haji, a gostosíssima e misteriosa atriz do clássico “cult” “Faster, Pussycat! Kill! Kill” (1965), de Russ Meyer.

 

 

 

 

 

 

 

 

Há três anos, por ocasião de uma retrospectiva de Meyer, fiz uma entrevista com Jimmy McDonough, autor de “Big Bosoms and Square Jaws”, uma divertidíssima biografia do cineasta (leia aqui).

Quando perguntei a Jimmy por que os filmes de Russ Meyer haviam se tornado ícones da cultura pop americana, ele respondeu: “Porque os Estados Unidos simbolizavam um certo exagero grandioso. Especialmente no auge de RM.  Carros como o Cadillac Eldorado Biarritz, de 1959, que era um brilhante monstro de aço curvo e barbatanas exageradas. Meyer descobriu mulheres que eram o equivalente a esses carros, e criou para elas um altar cinematográfico.”

Haji certamente era um belo Cadillac. Um autêntico rabo de peixe. Até seu nome verdadeiro era uma delícia: Barbarella Catton. Com seus olhos puxados – índia? Filipina? Mexicana? – essa canadense (hein?) de Quebec formou, com Tura Satana e Lori Williams, o trio sadomasô mais voluptuoso do cinema. Quem não queria ser arremessado na areia do deserto ou levar uma chave de braço dessas três?

Ontem à noite, em homenagem a Haji, tirei da estante o empoeirado DVD de “Faster, Pussycat! Kill! Kill!”. Difícil acreditar que Meyer fez esse filme em 1965, quando os Beatles ainda usavam cabelo tigelinha e nem conheciam a psicodelia. É “o” filme sobre as perversões da América, juntando rock’n’roll, revistas de sacanagem, quadrinhos e pop art, numa geléia geral de taras, violências e fetiches. Como alguém pode ter visto essa bomba atômica e, dois anos depois, ser pego cantando “Vou pra São Francisco… com flores no cabelo?”

Achei uma ótima entrevista de Haji, em inglês (leia aqui), em que a musa fala de seu trabalho com Meyer, de seu início no burlesco – aos 14 anos! – e de como fugiu da escola ainda no Jardim da infância: “Entrei na escola e fugi no primeiro dia. Eu me sentia mais confortável na floresta do que na sala de aula!”

Vá em paz, Haji. Nós, fiéis seguidores de seu culto, continuaremos lhe adorando pela eternidade…


Viewing all articles
Browse latest Browse all 76

Trending Articles