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Quem diz ter saudades da geral é porque nunca esteve lá

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Quem acompanha o blog sabe que tenho criticado bastante a elitização do futebol brasileiro e a destruição de estádios antigos para a construção de arenas mauricinhas.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Acho péssimo que o torcedor com menor poder aquisitivo esteja sendo afastado dos estádios.

Mas tenho percebido também um fenômeno curioso nessa discussão: o da apologia da pobreza.

Todo dia ouço frases como “Quero meu Maracanã de volta” e “Que saudades da geral!”.

Quem diz ter saudades da geral é porque nunca viu um jogo lá. Eu vi e garanto: a geral do Maracanã era um lixo.

Para começar, a visibilidade era péssima: você via o jogo ao nível do campo, e as placas de publicidade atrapalhavam a visão. Os banheiros eram nojentos. Havia brigas a toda hora e assaltos não eram incomuns. O geraldino vivia tostado de sol ou ensopado de chuva.

Adorei quando a geral foi substituída pelas cadeiras azuis, que eram mais altas, tinham ingressos baratos, torcidas misturadas, áreas cobertas, e onde crianças não pagavam ingresso. Ali sim, era um espaço popular e com certo grau de conforto.

Reclamar da destruição do antigo Maracanã e de outros estádios é uma coisa, elogiar a geral é outra. Ninguém pode ser a favor de um local onde clientes eram tratados tão mal.

Acho perfeitamente possível defender a existência de ingressos baratos e lugares confortáveis e, ao mesmo tempo, lamentar a descaracterização de alguns de nossos estádios clássicos. Conforto não é antônimo de tradição.

P.S.: Juro que tentei assistir ontem ao Prêmio Multishow para escrever aqui no blog, mas fui vencido pela antipatia, grosseria e completa falta de graça do apresentador Paulo Gustavo. O rapaz encarna o estereótipo da tia barraqueira e acha que falar “merda”, “porra” e “cacete” no final de cada frase é a coisa mais hilariante do mundo. Perto dele o Costinha parece o David Niven, de tanta classe e elegância. Depois que apareceu o Sorriso Maroto tocando com orquestra e piano, fui dormir. Ninguém merece.


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