Minha colega Keila Jimenez, colunista de TV da “Folha”, informou: “Vai Que Cola” tornou-se o programa mais assistido da história da TV a cabo no Brasil (leia aqui).
Cerca de 11 milhões de pessoas sintonizaram o Multishow para ver o humorístico. Desse total, 60% são da classe AB e 63% são mulheres.
Parabenizo a todos os envolvidos. Devem estar fazendo alguma coisa certa. Só não sei o que é.
Tentei assistir a alguns episódios do programa e confesso que não ri uma única vez.
Achei o texto fraco, as situações batidas e o elenco limitado. Mas deve ser culpa minha. Onze milhões de pessoas não podem estar erradas.
Ou podem?
Achei o programa cópia de outro que já não era grande novidade e não tinha muita graça, o “Sai de Baixo”. Mas este tinha Aracy Balabanian, Miguel Falabella, Luiz Gustavo, Tom Cavalcante, Marisa Orth, Ary Fontoura e Cláudia Jimenez. A diferença de qualidade para o elenco de “Vai Que Cola” é abissal.
Antes da TV a cabo, os humorísticos da TV aberta eram sempre criticados por sua baixa qualidade. Andei revendo alguns deles. Vi reprises de “Viva o Gordo” e comprei a caixa de DVDs de “Os Trapalhões”.
Em um quadro dos Trapalhões, Didi interpretava – de joelhos, claro – o pintor Toulouse-Lautrec . É inimaginável pensar que um humorístico, hoje, se arriscaria a citar um pintor francês do século 19. Mesmo na TV paga.
Seria curioso ver a reação de plateias atuais a esses programas. Eu acho que ninguém ia entender nada.
Em outro quadro, Mussum faz uma paródia de Clodovil. Responda: que TV teria coragem de exibir um quadro desses? Quanto tempo demoraria para a emissora ser processada por racismo e homofobia?
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E que tal esse quadro do “Viva o Gordo”, com Jô Soares e Paulo Silvino? Dá para comparar o nível do texto e dos atores com a média do que vemos hoje na TV, tanto na paga quanto na aberta?
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Podem me chamar de saudosista, de velho, do que for. Mas graça é graça. Uns têm, outros não.